“Confraria dos panas viaja na terra da Pinot Noir”
Caros leitores, é um belo atraso que publico este post. Muito por conta da nossa vida corrida. Por fim… conseguimos nos reunir. Foram tantos compromissos entre eles feiras, viagens, casamento e etc…
No último dia 30/05 no que poderia ser mais um almoço de domingo, ou um churrasco entre amigos, os panas se encontraram na Casa do pana Emilio e resolveram fazer algo diferente. O cardápio à cargo do Chef pana Francisco Stredel que elaborou para este encontro um menu a base de frutos do mar, regado à um azeite que dispensa comentários, o Biondi Santi. Tivemos lagostins, camarões pistola e peixes assados na brasa alguns com adereços típicos de limão ciciliano, sal e pimenta ate outros adereços bem diferentes com Garam Masala, galheias de grappa com gengibre e pimenta dedo de moça. Claro como alguns não são de ferro, iniciamos com um belo jamón serrano e parmigiano reggiano para acompanhar os espumantes.
Aliás foi um show de espumantes! Começamos com um brasileiro o Chandon Reserve Brut, este quando cheguei nem vi a cor… rsrs Passando por um Cisiolo Dosaggio zero 2003 Franciacorta, um espumante 100% Pinot Nero, é elegante, tem boa estrutura e acidez. Passa 34 meses em garrafa. Por ser bem seco, harmonizou e muito bem com o sal e a gordura do Jamón. Já embebecidos com este belo espumante, chegamos ao primeiro Crémant. O escolhido foi o Crémant de Die Jean-Claude Raspail brut extra 2001. Espumante produzido na região do Vale du Rhone, usa casta 100% Clairette. De cor amarelo palha, com perlage fina e constante. Toques de frutas e nozes no nariz, com uma cremosidade, frescor e persistência na boca. Foi bem aceito. Voltamos ao Made in Brazil, com o belíssimo Gran Reserva Natura 2002 da Casa Valduga, este dispensa comentários. Pena que quase não se encontra mais esta safra. Enquanto ainda preparávamos a grelha e petiscávamos um jamón, partimos para mais um espumante o Crémant de Bourgogne Cuvée Jeanne Thomas brut 2004 de Louis Picamelot, importado pela D´Olivino. Um blanc de blanc, com aromas florais e bem refrescante na boca. É como já dizemos em outro post sobre champagnes, há que provar um blanc de blanc e sentir a diferença. Este então, é uma ótima pedida.
Bem, depois de nos deliciarmos com os espumantes e limparmos mais do que nunca as nossas papilas gustativas, seguimos a nossa tão “ingrata” missão de provar 5 vinhos 1er Cru de Bourgogne. Começamos com o La Buxynoise Montagny 1er Cru Cuvée Spéciale blanc AOC Montagny 2005. Vinho 100% Chardonnay, sofre fermentação malolática e clarificação a frio. De cor amarelo claro e brilhante, este vinho traz notas florais e frutas cítricas no nariz. Na boca uma boa acidez e um mineral. Harmonizou muito bem com os lagostins. Partimos então para o segundo branco, um Chablis 1er Cru 2006, de um dos grandes produtores de Bourgogne, Michel Picard. Com aromas característicos da região como frutas maduras, traz uma boa acidez, frescor e um toque amanteigado na boca. Um justo exemplar de Bourgogne que pode ser encontrado a um preço mais convidativo.
Após de nos deliciarmos e encantarmos com todo o frescor e elegancia que traz a Chardonnay, seguimos a nossa missão… entrar no reino da Pinot Noir. Como toda rainha tem o seu reinado, a Pinot tem e se chama Bourgogne.
Bourgogne, um lindo e encantador lugar ao nordeste da França, com uma área de 250kms desde o norte de Chablis ao Sul de Mâcon. Com muitos pequenos e artezanais produtores, que fazem seus vinhos com amor. Extraem da terra tudo o que ela pode oferecer e colocam numa garrafa, transformando o que poderia ser mais um vinho, numa magia…
O primeiro Pinot que provamos foi o Fixin 1er Cru Les Arvelets 2005 do produtor Vincent et Denis Berthaut. Esta estraordinária safra de Borgonha, trouxe a este vinho grandes aromas de frutas vermelhas e intensidade. Um vinho para beber entre 10 à 15 anos. Apesar de novo, estava bastante agradável.
O Segundo vinho, um Chambolle Musigny 1er Cru Les Charnes 2004 do produtor Olivier Guyot. Este o pana Francisco trouxe da sua viagem a França em 2008. Eu, tentei visitar este produtor na minha viagem a Bourgogne em 2009, mas tivemos um desencontro nas agendas e não foi possível. Este é para beber de joelhos… um vinho muito bem equilibrado, austero e de personalidade.
No terceiro vinho fomos para a região de Pommard e provamos um 1er Cru Clos Micault 1996, do produtor Domaine Joseph Voillot. Este era outro para ajoelhar e beber… Comprei na viagem que fiz a Bourgogne. Este em específico não comprei direto do produtor, comprei numa loja mais que especializada na cidade de Beune. Usando a tática do pana Francisco, fui perguntando ao dono da loja qual o vinho que ele teria em casa para ele beber… foi então que ele me levou a parte inferior da sua loja, uma adega subterrânea feita em pedra. Chegando lá, ele me disse “Todos estes aqui são meus vinhos”. Então disse a ele, quero algo especial… e não é que ele estava certo, pegou este 1er Cru e me disse “está melhor que muitos Gran Cru deste ano”. O ano de 1996 foi uma safra acima da média,mas que ficou a dois degraus de ser extraordinária.
O último vinho de Bourgogne, pois depois ainda tivemos fôlego para beber outros, foi o Corton Grand Cru Clos des Maréchaudes 2000, Domaine du Pavillon e com a “marca” Albert Bichot, este grande produtor de Bourgogne. Aqui já estamos em outro patamar, um Grand Cru, para alguns confrades o melhor do encontro. Um vinho muito elegante, com notas marcantes de frutas vermelhas e intenso na boca.
Como disse anteriormente os confrades estavam bem animados e para realmente fechar de vez o dia, continuamos no velho mundo e provamos um Favaios Monge Porto 10 anos, um Luis Cañas Crianza 2004 e um porto Tawny Offley. Estes aqui não vou comentar, já não tínhamos mais senso crítico nesta hora…rsrs
tin-tin
Edição: Evandro Silva / Francisco Stredel
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