Desta vez resolvi fazer diferente, também vida de folião não é fácil. Este ano fui pela primeira vez na vida assistir um desfile de carnaval. É certo que apesar de criado boa parte da infância no meio do samba, escutando Beth Carvalho, Agepê, Martilho da Vila e por ai vai.
Fui convidado gentilmente pelo projeto Imagem Carnaval 2013 do IBRAVIN (Instituto Brasileiro do Vinho) onde conferi os dois dias do carnaval de São Paulo.
Como diz o grande Goulart de Andrade, “Vem comigo!”
A maratona começa ao tentar sair de casa ao sambódromo. Com se sabe é lei, o verão em São Paulo é só chuva, chove de manhã, tarde, noite, não tem um padrão. Aliás tem sim, é muita água isso é!
Para aqueles que não são de São Paulo, só para ter uma idéia. Moro na zona sul e o sambódromo fica na zona norte, são aproximadamente 20km se for pelo centro da cidade ou 28km pela Marginal (via expressa).
Por ser véspera de feriado e São Pedro nada ajudando, resolvi não ir de carro e experimentar o transporte público, aliás seguindo as recomendações de quem governa esta cidade. Peguei um táxi e fui ao metrô mais próximo, cerca de 8km. O mais incrível de tudo, este pequeno percurso pela bagatela de R$32,00! Caro não, é? Um roubo!
Chegando ao metrô tudo tranquilo, certo que estava cheio por conta do horário de pico, mas tudo fluiu bem. Um único porém para o trem da linha azul, um verdadeiro microondas, eu me sentia um prato de comida sendo esquentado e suando, suando…
Já no terminal rodoviário do Tietê, a estação mais próxima do sambódromo, vejo algumas placas indicando as 2 linhas de ônibus que atendem o destino e uma seta indicando onde ir.
Pensei, estamos num país de primeiro mundo, preparados para a Copa do Mundo, das galáxias e do universo. A última placa apontava exatamente a rua e daí? Existe um ponto bem em frente a saída do terminal e outro mais a esquerda, mas para minha surpresa, nenhum deles atende as 2 linhas mencionadas na placa. Após uma pergunta aqui, corre dali, cheguei finalmente a uma rua lateral onde o bendito ônibus saía. Dentro do ônibus tudo tranquilo, tinha até “bilheteria”, ou seja, você podia comprar ingresso e até vender. E viva os cambistas!
Por fim cheguei ao sambódromo, fui retirar meu kit no Hotel que fica no complexo do Anhembi. O hotel pode se dizer que é uma extensão do sambódromo, é tanta gente e fantasias por todo lado.
Bom, retirei o kit, continuei minha maratona debaixo de chuva até a chegada ao camarote e parei para assistir o que diz a música “O melhor show da terra”.
Foram 2 dias de espetáculo, pude ver a alegria de uma gente que vibra, se emociona e chora ao ver sua escola passar. Eu compararia com a emoção de ver um jogo no estádio de futebol, é uma emoção única. Ver na TV hoje me parece artificial, não que eu tenha me apaixonado pelo carnaval, aliás fui muito mais observador e imparcial. Mas poder sentir esta emoção de estar lá é algo que nós brasileiros deveríamos presenciar uma vez na vida que seja.
Eu sempre bati no peito e tinha orgulho de dizer que não gostava e nunca havia assistido um desfile. Hoje eu tenho vergonha por ter pensado assim.
O carnaval é a alegria de um povo que passa o ano todo se preparando, doando cada parte de si e de seu amor por uma escola do coração.
Samba no pé, vinho na mão e sempre bebendo com moderação!
E se beber, não dirija!
Gostaria de agradecer o convite do IBRAVIN e parabenizar esta ação em conjunto com a Vai-Vai, infelizmente não ganhou, mas o desfile estava lindo e acredito um dos mais empolgantes. Isso era nítido nas arquibancadas.
Vai aqui uma crítica ao nosso transporte público, que merece nota: 5!
Fotos: Janice Prado Fotografia
tin-tin
Edição: Evandro Silva