Gabriel, nome de anjo, sempre foi um garoto pacato, mas nunca um aluno exemplar. Sempre tirava as notas suficientes para passar de ano. Não era de bagunça, prestava atenção as aulas, mas tinha preguiça de estudar. Nada disso impediu que ele conseguisse se formar.
Já adulto conseguiu um bom trabalho em um banco, pois o setor financeiro era sua verdadeira paixão.
Homem de muitas e arrebatadoras paixões, se apaixonava como trocava de roupa. Sempre foi muito intenso em seus relacionamentos.
Muitas mulheres passaram por sua vida, pois era um rapaz de boa presença e que causava encanto entre as mulheres.
Usava de seu charme para conseguir coisas no trabalho e principalmente na sua vida pessoal.
Nunca quis se casar, pois pensava em ganhar mais e mais dinheiro com o mercado de ações.
Usava de suas férias para visitar vinícolas, pois o vinho foi uma necessidade que o mundo dos negócios trouxe e que se transformou em uma paixão.
Trazia inúmeras garrafas na mala, algumas para presentear ou abrir em ocasiões especiais.
Em um exame de rotina, próximo a idade conhecida na cultura japonesa como “yakudoshi”, Gabriel descobre que tem uma grave doença.
O mundo cai sobre ele, então começa a se afastar das pessoas e a trabalhar menos.
A mudança é drástica, ele já não faz a barba, come de tudo e faz questão de não alimentar mais nenhum relacionamento.
Após alguns meses ele se entrega totalmente, já não tem forças, não quer lutar e apenas esperar.
Numa noite qualquer fria, lá pelas 3h da manhã e sem dormir ele abre uma garrafa do seu ano de nascimento. Serve uma taça e toma alguns goles do último vinho de sua vida…
Edição e texto: Evandro Silva