Diário de Bordo Bordeaux 10º dia – Pague para entrar e reze para sair

Continuação do último capítulo…

Na fila de embarque a agonia aumentava, a fila andava lentamente, os minutos passavam e eu ainda na incerteza de embarcar.
Passei a senha das minhas malas para que pudessem pegar e passar pela imigração aqui no Brasil caso eu não entrasse naquele avião.
Pedi para ser o primeiro, pois meu apelo era dizer que estávamos todos juntos e se dois amigos embarcariam, por que eu teria que ficar.
Chegou a minha vez, entreguei o bilhete, a atendente pegou, passou no scanner e deu VERMELHO!
Pronto, era o fim! O coração por milésimos de segundos parecia ter parado e a respiração também.
A atendente aperta alguns botões e tira uma carta da manga, carta não, um bilhete com o meu nome e um assento garantido.
Neste momento o suor desce pela testa e a respiração volta ao normal.
Embarcamos todos, rumo ao Brasil!

Vôo relativamente tranqüilo e com algumas turbulências já de costume. O que mais me incomodou é que foi de dia, pois saímos as 10h30 da manhã de Paris e chegamos em São Paulo antes das 18h00 do mesmo dia. Foram aproximadamente 11h00 de vôo e um fuso de 5 horas. Viagem diurna para mim é ruim, pois bagunça ainda mais o relógio biológico, o melhor é viajar a noite e dormir bastante.

Desembarcamos em São Paulo (Aeroporto de Guarulhos), fizemos a imigração e daí começou a confusão.
Fecharam as portas do aeroporto e ninguém entrava ou saía do saguão.
Informações chegavam a todo instante na base do boca a boca. Cada um dizia uma coisa e tinha a sua versão para o que estava acontecendo lá fora.
É guarda particular do aeroporto, policia militar e federal juntas.
Conforme os vôos chegavam as pessoas se acumulavam e a população do aeroporto só aumentava.
Depois de um tempo chega a tropa de choque da policia militar. Há relatos de quem estava perto de uma das portas do aeroporto de que se conseguia ouvir algumas bombas do lado de fora. Eu mesmo não ouvi.
Relativamente estava tudo tranquilo, havia até gente jogando um baralho, fazendo comida no chão do aeroporto e outras procurando onde comer.
Como quase em toda “desgraça” alguém fatura algo, os restaurantes estavam lotados.
Claro que a situação não era das melhores, pois estávamos presos, com banheiros precários e uma disputa acirrada por uma tomada. Até bebedor não escapou, o pessoal desligou, colocou um famoso T e compartilhava energia para carregar o celular.
Aliás celular era o que mais se via por lá, era foto daqui, post no facebook dali, era uma festa. Como o povo brasileiro gosta de uma desgraça! Gosta de instituir o pânico e de ser sempre a vitima da vez. Acha isso bonito! O famoso 5 minutos de fama.
Foram algumas horas assim, pois acredito que só fomos liberados mais de 6 horas depois. Pior foi para aqueles que chegaram depois e tiveram que aguardar dentro do avião.

Resumindo saímos bastante cansados mas ilesos. É isso o que importa!

Bordeaux_10Dia

Acorda Brasil!

Edição: Evandro Silva

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